Uma recente leitura de mais uma bela obra de Adam Grant, dois pontos se apresentaram como diferenciais: a importância da presença da maturidade emocional nos Líderes para que possam ouvir discordâncias sem sentirem ofendidos, e a execução de debates, processo fundamental de oportunidades e crescimento, não podem ser compreendidos como um sistema de ataque e de defesa.
Em um ambiente empresarial cada vez mais complexo, a capacidade de liderar equipes de alta performance não depende apenas de expertise técnica. O verdadeiro diferencial está na maturidade emocional, ou seja, aquela habilidade de ouvir discordâncias sem se ofender e de transformar debates acalorados em oportunidades de crescimento coletivo. líderes que dominam essa competência constroem times onde o confronto de ideias não gera guerras de ego, mas sim soluções robustas e inovadoras. Portanto a pergunta que se torna presente é a seguinte: como desenvolver e aplicar essa inteligência emocional para gerar resultados concretos?
Muitos líderes acreditam que decisões empresariais devem ser puramente racionais. A neurociência, porém, prova o contrário, pois as emoções são inevitáveis e influenciam quase a plena totalidade de nossas escolhas. Quando um membro da equipe questiona sua proposta em uma reunião, sua amígdala (centro emocional do cérebro), pode interpretar isso como uma ameaça pessoal, ativando respostas defensivas automáticas. O desafio não está em ter ou não emoções, mas reconhecê-las para poder gerenciá-las. líderes que ignoram suas reações emocionais acabam tomando decisões impulsivas, cortando debates produtivos ou criando ambientes onde ninguém ousa discordar.
Vale lembrar que a inteligência emocional se resume a identificar suas próprias emoções em tempo real, compreender suas consequências, compreender o estado emocional presente e, por fim, promover uma conexão emocional construtiva. Ou seja, uma maturidade emocional adequada se apresenta como: “Estou me sentindo ameaçado, mas isso não significa que a ideia dele seja um ataque, pois pode ser uma contribuição valiosa.” Essa pausa consciente entre estímulo e resposta é o que separa líderes medianos de líderes excepcionais.
Um líder emocionalmente maduro entende que um debate de boa-fé não é um ataque, é um convite para evoluir. Ele não se sente diminuído quando alguém apresenta uma perspectiva diferente; ao contrário, vê isso como um sinal de que sua equipe está engajada e comprometida com a excelência. Esse líder maduro entende que seu papel não é vencer todas as discussões, impor sua visão ou silenciar vozes dissonantes. Mas sim, facilitar o confronto saudável de ideias, garantir que todos sejam ouvidos, manter o foco na melhor solução, não em egos e, ainda, transformar tensão criativa em inovação.
Como resultado, as decisões ficam mais assertivas uma vez que múltiplas perspectivas identificam pontos cegos, a criatividade se torna mais presente como fruto da instalação de um ambiente seguro, aumento de produtividade porque o processo de tomada de decisão passa por debates e, também, um maior comprometimento do pessoal porque ajudaram a construir a solução.
Ao conduzir debates de alta performance procure abrir os encontros afirmando: “Estamos aqui para encontrar a melhor solução, não para defender posições. O objetivo é X.” Isso ancora egos no propósito coletivo. Estabeleça algumas regras de engajamento, como: “todas as ideias serão ouvidas”; “o foco está em debater e criticar ideias e não as pessoas”; “todas as perguntas são válidas, principalmente as desconfortáveis”.
Durante o processo busque por curiosidade, exploração e validação, como: “conte-me mais sobre sua perspectiva”; “vejo um desafio aqui. Como poderíamos resolver X?”; “entendo seu ponto sobre Y, isso faz sentido porque Z. Agora, como consideramos também o fator W?”.
Como fechamento celebre as discordâncias construtivas, como: “João, obrigado por levantar aquela questão. Ela nos fez encontrar uma falha crítica”.
A maturidade emocional não é um traço de personalidade reservado a poucos. É uma competência que pode ser desenvolvida por meio de uma prática deliberada. Líderes que dominam a arte de ouvir discordâncias sem se ofender e de conduzir debates focados em soluções (não em egos), constroem equipes extraordinárias.
Em um mundo empresarial onde a complexidade só aumenta, essa habilidade deixou de ser diferencial para se tornar essencial. A pergunta não é se você vai enfrentar debates difíceis, mas sim: você terá a maturidade emocional para transformá-los em oportunidades de crescimento coletivo?
Regis Maia Lucci
Resette Consulting